quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pentecostes







A Festa do Pentecostes é vivida pelos judeus como a Festa das Colheitas.


Era uma festa de origem agrícola que, fazendo parte da vida e da história de um povo, foi associado simbolicamente a momentos importantes para reavivar a memória, como foi a Aliança de Deus com o seu povo no Sinai, com a entrega do Dom que foram as tábuas da Lei.

Entre os discípulos de Jesus, sendo um dia em que se celebram os primeiros frutos, os primeiros Dons das Colheitas, e a Aliança de Deus com o seu povo, viram como neste dia podiam fazer memória e festa do Dom do Espírito, Fruto de Deus inteiro, sinal da Nova Aliança de Deus com o Seu Povo encabeçado por Jesus. Agora já não é o dom, aquele sinal das tábuas da Lei que se celebram mas sim o Dom, a Pessoa do Espírito de Deus. É o próprio Deus que Se faz Dom e Se dá plenamente.



Nome do ícone: “Pentecostes”

Movimentos sugeridos: Parece que tudo desce. A figura que se forma é um triângulo, e de modo inconsciente, somos levados para baixo, para fixar o nosso olhar na zona escura em baixo.

Exactamente no centro: está um lugar vazio. O lugar de Jesus, no meio dos 12 Apóstolos, não é ocupado por ninguém.

Cores: Predominam o dourado e o vermelho significando que se trata de uma passagem bíblica de extrema importância. A mancha escura, de onde surge a figura de um rei, não é negra.

A cor negra, nos cânones antigos de elaboração dos ícones, não era permitida por representar a morte, o caos, a desordem. Certamente estará aqui um tom de azul muito escuro, tom esse que, ainda assim, é raramente representado na iconografia. Aparece em alguns ícones da Ressurreição de Jesus (Descida aos Infernos) por exemplo.

Figuras e objectos: Da extremidade do topo vemos descer 12 raios, é o símbolo do Espírito Santo a derramar-Se do alto.
Os edifícios que estão atrás, possuem cortinas, sinal de que a cena acontece dentro de casa.
Estão representadas 12 personagens em semicírculo, em baixo a sair da escuridão está a figura de um rei.
Imediatamente pensamos que estes 12 serão certamente os 12 discípulos mais próximos de Jesus, escolhidos por ele para o seguir, aqueles convocados por Jesus tal como lemos nos evangelhos. Curiosamente estas 12 personagens não correspondem aos 11 ou 12 apóstolos que o acompanharam antes da sua Morte e Ressurreição.

Um deles é certamente Paulo que, neste ícone, é o primeiro no topo, do lado direito com a sua tradicional barba e calvície. Neste ícone é o único que leva entre as suas mãos um Livro. O olhar de Paulo parece estar fixo em Pedro presente do outro lado que por sua vez parece apontar para Paulo, talvez num gesto, prudentemente discreto, de confirmação. Sabemos como Paulo era um fariseu rigoroso, que havia perseguido os primeiros discípulos de Jesus e, tendo assumido a Boa Notícia de Jesus tornou-se um Apóstolo dele. Não tendo esta conversão grande aceitação entre os judeus saiu a anunciar o Evangelho aos gentios (a todos aqueles que não eram judeus)

Neste ícone todas as outras personagens levam um rolo, sinal da autoridade do ensino e do anúncio da Boa Notícia de Jesus.

Outro aspecto importante que não é claro neste ícone em particular, mas aparece em muitos outros, é que no meio destes 12, além de Paulo, outros 4 levam um livro também. Uma referência clara aos 4 evangelistas Marcos, Mateus, Lucas e João. Nem todos eles teriam convivido com Jesus antes da sua Morte e Ressurreição, e menos ainda terão sido do grupo dos 12 mais próximos.

Neste contexto do Pentecostes, ou seja, de uma incrível manifestação do Espírito de Deus que deixa inflamadas… em fogo, as línguas que falam e anunciam e também as penas que escrevem e deixam por escrito o seu testemunho, não é coisa só daqueles que viveram próximos de Jesus, aqueles 12 em especial, mas de todos aqueles que se abriram e acolheram a abundância do Espírito,
o Espírito de Deus, a Ruah, que é para todos.



O número 12 permanece, como referência aos 12 próximos de Jesus, como referência a todo o significado que este número leva, como o dos representantes das 12 tribos de Israel.

A sua disposição, em semicírculo, dá também a impressão de Unidade. É um símbolo da Igreja de todos os tempos

A misteriosa personagem que surge em baixo traz a coroa e as vestes de um rei. Leva nas mãos um grande lençol branco com 12 rolos, que serão mais uma referência ao Anúncio dos 12 Apóstolos.

O significado deste ancião não é claro. É chamado de “O Cosmos” (o mundo).

Neste espaço, em ícones anteriores, aparecia representado um aglomerado de diferentes povos. Talvez este velho rei seja uma representação de todos os povos e culturas que tinham como ponto em comum o Imperador Bizantino. Esta hipótese baseia-se também no semicírculo que envolve o rei.

Na arquitectura das Igrejas da Síria e Caldeia havia uma tribuna com esta forma, semicírculo, que estava no centro da igreja, com uma pequena balaustrada baixa (como estamos mais ou menos acostumados a ver nos Tribunais, o lugar do réu), aberta para o lado onde estava o povo. Era aqui que era proclamada, entregue, a Palavra pelo celebrante. E tal como o fundo escuro sugere, a Palavra que nos arranca da escuridão/ da morte, e nos leva/ nos dá, à Luz.

















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